segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

"Ai meus olhos!" - Uma súbita expressão de dor - "Como faz falta meus óculos..." Hoje é segunda-feira, véspera de feriado, e você sabe como é uma segunda-feira de trabalho normal, véspera de feriado? É extremamente chato. Enquanto muitas empresas não funcionam nesse dia, nós aqui estamos, tentando matar as horas a sangue frio, enquanto o mundo explode em cores e sons lá fora. E pra piorar, eu esqueci meu óculos. Nem os poucos tons de cinza que há nesse escritório são vistos com algum brilho. É difícil se enquadrar ao rótulo de "igual a todos", é lascerante estar nessa máquina de triturar cérebros, esperando sua vez para substituirem seu cérebro por outro de ferro, parafusos e bateria. Mas Pessoa já dizia "navegar é preciso...", e é preciso sobreviver, e por isso estou aqui, vendendo minhas horas, minhas idéias, meus desejos criativos estão presos nessa cadeia. A música é rara, é quando um bando periquitos pousam próximos a pequena janela que há na sala. Gosto de pensar que eles cantam pra mim. Sonho que essa música fala de lugares onde gostaria de estar, um lugar bem longe daqui, onde pudesse me livrar dessas amarras da vida material e pudesse ser livre como os pássaros. Sair correndo, de mãos dadas com o meu amor, onde a floresta toma o lugar da cidade, onde vivemos sem dor, cultivando o amor incondicional pela mãe Terra, pelo Astro Rei, pela Deusa Lua. A natureza é nossa divindade, e nós a adoramos, e cuidamos. Agora esfrego os olhos e sinto arder, a falta dos óculos é lembrada pela dor das vistas forçadas na tela desse monitor. Percebo tudo de volta no seu lugar. O banheiro que sempre exala um odor repugnante. O som frio do ar-condicionado. Tac-tac nos teclados, o telefone que não pára de tocar e agora, falta três minutos para me sentir livre outra vez. Me sinto mais feliz por rever o meu amor.